domingo, 26 de outubro de 2008

Agenda cultural - Lavra 2009

Depois do estrondoso êxito que foi o 1º Festival Internacional de Esculturas em Terra - LAVRA 2008, a organização do evento vai organizar a 2ª edição já em Janeiro de 2009.
Como ainda falta algum tempo, espera-se que seja possível organizar um festival que entre agora directamente para o roteiro dos Festivais de Portugal, decorrendo os trabalhos de preparação a um bom ritmo.

Como no terreno que se encontrava disponível anteriormente está agora a ser palco de um intervenção, para a construção de habitações a custos controlados (algumas más línguas dizem contudo que são casas para os senhores do "papel") e no intuito também de dar uma imagem positiva dos nosso bairros sociais mais problemáticos, a edição do próximo ano vai ter lugar em pleno Bairro da Bela Vista.

A alegria desta gente que sempre se sentiu marginalizada pela sociedade em geral é tanta, que já começaram a pintar as fachadas das suas casas e está proibida a graffitagem das paredes em redor do recinto do Festival.
Os que têm uma visão de futuro, já que a oferta hoteleira na zona é praticamente nula, estão a preparar as suas modestas casas para alugar quartos quer aos milhares de visitantes esperados, quer ao elevado numero de artistas que devem comparecer neste Festival.
Os professores da Escola Secundária da Bela Vista que faz fronteira com o recinto do Festival, vão pedir autorização para utilizar este novo parque municipal até ao final do ano lectivo, estando já estão a programar algumas actividades no âmbito da Área de Projecto e os professores de Educação Física poderão mesmo organizar provas de BMX, rapell ou outros desportos radicais tão do agrado da malta jovem.
A edição terá novamente como tema o Urbanismo e tem importantes patrocinadores ligados à construção civil e obras públicas, autarquias e ao que consta também um Instituto Público com interesses neste local. Como felizmente as vendas do nosso livro continua a ser um sucesso, iremos contribuir com uma verba de 5000 euros.
Toda receita gerada pelo Festival vai ser encaminhada para apoio social à população residente neste bairro social, que gentilmente se prontificou a ajudar no que fosse necessário.
Assim, se o tempo o permitir, o 2º Festival Internacional de Esculturas em Terra (LAVRA 2009) abrirá ao público no dia 7 de Janeiro de 2009, mostrando cem mil toneladas de terra, onde se espera dos concorrentes esculturas de outros exemplos do bom urbanismo desta cidade (obviamente diferentes da edição do ano passado). Pela sua dimensão e com o triplo da quantidade de terra utilizada na 1ª edição do Festuival, irá bater o recorde obtido o ano passado (entrada directa no Guiness) da maior exposição de esculturas em terra construídas em todo o mundo.

O LAVRA 2009 poderá ser visitado todos os dias, entre as dez da manhã e a meia-noite até ao dia 11 de Janeiro. Durante o dia as esculturas podem ser admiradas em todo o seu detalhe e a noite traz outra atmosfera ao parque de esculturas, que é iluminado por um jogo de luzes concebido de acordo com o simbolismo do exemplo retractado.

Mais fotos do recinto do Festival

Foto da semana 43

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O outro "Muro"

Mais informações no blog associado - Blog do Camelo.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

TV em directo

Quando surgiram os primeiros indícios de que estava para breve o início da construção de um novo projecto com os mesmos actores do “Muro” da Vergonha, os ideólogos deste blog pensaram na melhor forma de continuar a denunciar aquilo que continua a ser para nós umas construções desajustadas para este local.

Se na primeira construção para além do numero de pisos em excesso (7 pisos contra os 4 existentes) inseria-se num terreno sem características para o efeito (num ‘buraco’ e encostado a um viaduto) esta nova construção tem os seguintes reparos:
  • o numero de pisos a construir é elevado em relação à envolvente;
  • a disposição dos blocos produz o efeito de parede;
  • a construção prolonga-se até à Avenida numa zona de declive e possivelmente irá afectar os alicerces da construção existente e que lhe faz fronteira;
  • abate de um número razoável de sobreiros;
  • não se ter acautelado uma alternativa provisória, para que os moradores da zona pudessem ter acesso à avenida Belo Horizonte (como o fazem à décadas), facto que vai perturbar a vida diária de várias pessoas (essencialmente as pessoas de mais idade) com rotinas, onde era importante a utilização de um caminho de terra batida que atravessava o actual local da nova construção.
A falta de informação detalhada sobre o projecto em si, impede que se fale dele com conhecimento de causa e não vai ser nosso propósito falar sobre factos concretos que desconhecemos.
O Blog do Camelo foi a ideia que surgiu, para colocar somente fotos deste local (antigas e actuais) onde os interessados poderão visualizar as alterações de toda esta área. Os visitantes deste novo espaço poderão formar assim uma opinião, da razão (ou falta dela) desta denuncia/protesto.
Ainda não foram resolvidos alguns problemas de pormenor, para que uma pagina essencialmente composta de fotos não fique demasiado pesada, desmotivando a visita de todos aqueles que possuem uma ligação de internet com pouca largura de banda. Espera-se que em menos de um mês esta situação esteja ultrapassada.
Na foto colocada neste blog na barra lateral direita (que representa este novo local no seu estado virgem) ficará o link permanente para o Blog do Camelo, que tentará retratar os acontecimentos com um pouco de humor e daí utilizar a personagem criada em homenagem ao nosso querido Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações Mario Lino – o Camelo Ferrari.
As fotos apresentadas serão essencialmente tiradas aos domingos, unico dia em que parece não haver ninguem por ali a trabalhar, já que desde à 4 semanas que o trabalho ao sabado se tornou rotineiro, para desgraça dos ouvidos dos moradores (se pagam ou não as taxas à Câmara Municipal de Setúbal, não são contas do meu rosário).
Tal como uma casa que é construída pelo telhado, não ficaria nada admirado se um novo circo começasse neste local. Os ingredientes estão todos lá. Pela nossa parte estamos dispostos a fazer o numero de animais selvagens com a cedência do Camelo Ferrari e talvez de uma camelo fêmea que por lá apareceu e que parece perdida de amores.

domingo, 19 de outubro de 2008

Foto da semana 42

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Parece que chegou a hora da versão 2 do "Muro" da Vergonha. Como não queríamos que os nossos visitantes perdessem o acompanhamento do que melhor se faz nesta cidade e que vai certamente fazer esgotar mais algumas edições do nosso livro, paralelamente às fotos que semanalmente aqui publico, irá também estar disponível uma foto tirada sempre neste angulo, para se puder observar os avanços da destruição de uma zona que poderia ter certamente um fim mais enquadrado com a envolvente. Mais informações no blog associado - Blog do Camelo.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Crime por detrás da duna

O nosso detective recebeu uma denuncia no final da tarde do Camelo residente, de que teria sido cometido um crime ecológico por detrás da única duna que sobreviveu no nosso deserto e que parece que ninguém a quer destruir. Longe de nós pensarmos que esta duna foi deixada de propósito para evitar os olhares indiscretos, enquanto era cometido o crime. Talvez seja mesmo só para construir uma rotunda ...

O Camelo andou a preparar-se para ir assistir ao jogo Portugal-Albania e quando deu por ela, o monstro das lagartas já tinha derrubado mais de uma dezena de sobreiros.

Amanhã depois de melhor observado, vamos fazer queixinhas a quem julgamos que defende esta espécie protegida por lei.
Leitura suplementar recomendada

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Onde param as réplicas do terramoto de Lisboa?

Um terramoto atingiu Lisboa nos finais de Setembro pela mão da polémica lançada pelo Diário de Notícias, no âmbito das alegadas irregularidades na atribuição de casas camarárias. Desta vez não houve danos materiais mas os supostos danos a nível da classe política deveriam ser enormes.

Pelos vistos a atribuição de casas camarárias em Lisboa obedecia a um verdadeiro regabofe:
  • És amigo? Toma lá uma casinha.
  • És pobre, remediado, prontos, vais pró bairro social. É o que se pode arranjar.
  • És cá dos nossos? Tá bem, conseguimos ali uma casinha, não é nova, mas é bem situada.
Seriamos certamente inocentes ao pensar que esta situação é exclusiva de Lisboa. Provavelmente existirão dezenas de outras autarquias em que isso sucede, mas as ondas de choque tardam a chegar. A própria natureza das cumplicidades que se adivinham podem-no justificar. Cá pelo burgo só o nosso Bocage é que parece saber de algo.

Apesar de parecer haver por aí um concluio para que este assunto caia no esquecimento rapidamente (os telhados de vidro são mais que muitos e em todos os quadrantes políticos), vamos ter de esperar certamente pelos períodos mais quentes da campanha eleitoral para as eleições autárquicas para sabermos todos os podres duma gentalha (felizmente minoritária) que nos governa, que em vez de estar nesses locais com um espírito de missão ou dedicação à causa pública, quando se apanha com um bocadinho de poder tratam logo de subverter o sistema e tirar proveitos pessoais.
O tema interessa-me bastante e vou portanto continuar atento ao que se escreve e diz sobre a matéria.
Este artigo de opinião publicado no jornal Público mostra que felizmente continua a haver muita gente que não quer que este assunto caia num esquecimento muito conveniente.

Corrupção
Apenas me dei conta da dimensão do problema quando vi que Roberto Dell'Anno tem trabalhos publicados sobre o nosso país. Quando um professor de uma universidade do sul de Itália se aplica a investigar a corrupção em Portugal, podemos estar certos de que o problema atingiu dimensões consideráveis. As consequências da corrupção generalizada são conhecidas: é socialmente injusta, reduz a produtividade do sector público e cria distorções na economia privada, levando a más afectações de recursos e reduções no investimento. Tudo se traduz num crescimento económico mais baixo. Os efeitos são tão graves que o Banco Mundial declarou a corrupção como o maior obstáculo ao desenvolvimento económico e social.
Sabe-se quais os ambientes por onde os corruptos se movimentam. Em primeiro lugar, para haver subornos é necessário que haja agentes do Estado com poderes discricionários. Ou seja, alguém tem o poder de tomar decisões que influenciam a vida das pessoas e empresas. Em segundo, essas decisões têm de ter um valor económico, caso contrário não valia a pena pagar subornos. Finalmente, os corruptos gostam de instituições políticas, administrativas e judiciais fracas. As nossas leis e instituições são terrenos férteis para a corrupção, parecendo ter sido criadas com esse propósito. Basta pensar nos investimentos avultadíssimos que ficam à espera de uma decisão administrativa para os desbloquear. Com administrações politicamente comprometidas, com uma polícia que não investiga e com tribunais que não funcionam, um cidadão fica desprotegido. Paolo Mauro, num artigo do FMI, alerta para o perigo de se cair num equilíbrio armadilhado em que todos ficariam melhor se se acabasse com a corrupção, mas em que ninguém, individualmente, lhe pode fazer frente. Para sair desta armadilha, Aymo Brunetti e Beatrice Weder, prestigiados economistas suíços, elegem a imprensa livre como elemento central no combate à corrupção. Com uma imprensa descomprometida e competitiva, quanto mais generalizada a corrupção, maior o incentivo de um jornalista para investigar e denunciar.
Infelizmente, em Portugal, o quarto poder não conta. Incrédulo, tenho assistido à saga do meu irmão José Manuel de Aguiar, advogado de Coimbra, que, usando as suas prerrogativas de munícipe empenhado, tem vindo a denunciar situações de óbvia ilegalidade e de corrupção na sua cidade. No seu blogue, "Podium Scriptae", e depois de apresentar queixa no Ministério Público, apresenta documentos, fotografias, indícios de falsificação de documentos oficiais. Enfim, um sem número de evidências espera que as autoridades ou algum dos jornais locais, como o "Diário de Coimbra" ou o jornal "As Beiras", pegue no assunto e investigue. No entanto, uma noite de silêncio abateu-se sobre as suas denúncias. Imagino que o mesmo se passe em outras cidades do país.
Há duas semanas soube da extensão do problema quando li que o director do jornal Público foi ameaçado pelo Primeiro-Ministro antes de denunciar as peculiaridades que envolviam a licenciatura de José Sócrates. Disse o chefe de governo: "Fiquei com uma boa relação com o seu accionista e vamos ver se isso não se altera." Esta ameaça é temível porque, obviamente, as decisões de um governo valem fortunas e não há empresa que lhes possa escapar. Sabemos agora que os mais altos responsáveis políticos pressionam os media de formas indignas de um regime democrático. Se nada acontece quando o primeiro-ministro ameaça o director de um jornal, o que não se passará por esse país fora? Também ficámos a saber que na Câmara de Lisboa se comprava cumplicidades oferecendo casas a artistas e jornalistas. Entre os envolvidos, encontramos o filho de um ex-Presidente da República, um ex-ministro, um ex-Primeiro-Ministro e um ex-Presidente da República. Naturalmente que, assim, dificilmente há jornalismo de investigação. É pena. O país agradecia.

Luís Aguiar-Conraria
Professor de Economia da Universidade do Minho
Artigo de opinião publicada no jornal 'Público'
Outras escolhas dobre o assunto:

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Aniversario - Parte III

Continua a festa por estas bandas. Hoje celebramos mais um aniversário.

Faz hoje precisamente um ano que um grupo de moradores esperou pacientemente pela Sra. Presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, porque obtivemos a informação que ela iria passar no principio da tarde neste local, e seria uma oportunidade única para a questionarmos sobre as continuas movimentações de pessoas que tiravam fotos e carregavam dossiers, isto para além da tentativa falhada de vedarem toda esta zona onde se encontra actualmente edificado um marco arquitectónico.
Quem espera, desespera e com o decorrer da tarde começou a debandada dos moradores, já que não havia meio da comitiva passar.
Como havia sessão ordinária na Câmara Municipal nesse próprio dia, reuniram-se as ‘tropas’ e lá fomos para os Paços do Concelho onde aguardamos pelo período destinado ao publico para colocarmos as nossa perguntas. Perante uma pergunta bastante simples, obtivemos uma resposta mais elaborada por uma Presidente que parecia muito bem disposta:

Esclareceu o Sr. J. dizendo que nesse dia tinham tido uma situação extremamente interessante em que um munícipe de uma forma muito participativa se disponibilizara à Câmara Municipal porque tinha feito um levantamento exaustivo da sinalização rodoviária que a Câmara Municipal tinha colocado no Município. Acrescentou que o munícipe tinha convidado a Sra. Presidente para ver os erros da sinalização rodoviária e, dessa forma tinha ido fazer o percurso com o Sr. Vereador Rui Higino e com ele, considerando que tinha sido extremamente interessante e deveria ser registado. Referiu que nessa viagem o munícipe tinha chamado a atenção para o que se estava a passar no terreno mencionado pelo Sr. J., e que não tinha conhecimento que iriam construir alguma coisa no local, considerando que tinha sido uma das irregularidades rodoviárias e quando desciam a avenida tinham de ir pelo terreno referido para que se conseguisse fazer inversão de marcha. Considerou que era algo estranho, que pudessem vir a ser construídos lotes no local e que iria ficar com o contacto do Sr. J para posteriormente ser dada um resposta.

Extrato da Acta 21-2007 pagina 40
Eu, que muito raramente mudo de opinião e poucas vezes me engano na avaliação de quem me rodeia, acreditei naquele momento nas palavras da Sra. Presidente e aceitei que nesta enorme Cidade o nosso cantinho seria uma ‘gota no oceano’.
Com o passar do tempo e com toda a documentação que recolhi e nos contactos que mantive devido a este assunto, ponho hoje em causa o ‘desconhecimento’ da Sra.Presidente. Todo este projecto e o do lado oposto da avenida não podem ter passado ao lado dos responsáveis da autarquia. Envolve um instituto publico (IHRU), habitação social, PIS, entre outros.
Para os que acham que os aniversários nunca mais acabam, relembro que só estamos a ‘festejar’ os momentos que consideramos importantes na perspectiva dos moradores. O aniversário de hoje representa o momento em que pessoas de boa fé confiaram numa autarquia que devia gostar da sua Cidade e não deixar prosseguir a avaliação do projecto do “Muro” da Vergonha nos moldes em que foi apresentado para apreciação. Talvez assim evitasse que tal projecto sirva para ilustrar o nosso best-seller “Urbanismo para Totós” que não para de esgotar edições.
Não festejamos por exemplo ontem, aquilo que consideramos uma vergonha – a aprovação do projecto de arquitectura desta ‘aberração urbanística’, que veja-se só, teve de ser alterado, somente porque havia alguma falta de luz directa em zonas de apartamentos no Bloco 2.
Também não vamos festejar no próximo dia 10 a falta de vergonha que foi tentarem esconder até à aprovação do projecto, a sua própria existência. Segundo entendidos no assunto, a falta de colocação do aviso do pedido de licenciamento num local bem visível é motivo mais do que suficiente para a anulação do referido pedido. A lei estabelece um período curto que foi largamente ultrapassado nos 17 meses que aqui demorou. Falta saber quem fiscaliza e a quem interessa essa fiscalização.