quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Ensaio sobre a Cegueira

O ‘Ensaio sobre a Cegueira’ aborda a emergência de uma inédita praga, de uma repentina cegueira que se abateu sobre a Cidade de Setúbal, explicável e talvez curável. Tal "cegueira vermelha" — assim chamada porque as pessoas infectadas tem no vermelho a sua cor favorita — manifestou-se primeiramente num homem sentado a uma secretária e, lentamente, espalhou-se por toda a autarquia. Aos poucos, todos acabaram cegos e reduzidos, pela obscuridade, a meros seres lutando por passarem despercebidos. À medida que os afectados pela epidemia são colocados num pedestal, em condições de melhorem a sua vidinha, os serviços camarários começam a falhar. Os moradores desta zona, apesar de lhes estarem sempre a deitar poeira para os olhos, com explicações que não convencem ninguém (por soarem a falsas), também já estão a ficar cegos, mas de raiva.
O ‘Ensaio sobre a Cegueira’ mostra o desmoronar completo de uma vivência tranquila dos moradores desta zona do bairro que, por causa da cegueira, perdem tudo aquilo que consideravam como civilização e, mostra a profunda consternação dos que são obrigados a conviver com uns senhores que alem de serem arrogantes, são malcriados, respondendo com palavrões aos moradores mais idosos (que são em grande número neste local) que aqui moram há várias décadas, quando estes os interpelam sobre pequenos factos do dia-a-dia.

Tudo começou a 22 de Agosto de 2005, quando a Sociedade de Construções H.Hagen viu finalmente publicado no Diário da República, um concurso público que lhe iria dar a hipótese de cobrar um investimento feito em tempos idos, quando esta autarquia tinha a cor do actual governo. Com a mudança da cor do ‘sistema’ era possível o lançamento destes concursos públicos feitos ‘por medida’. Este concurso público foi ganho sem surpresas pela Sociedade de Construções H.Hagen, e daqui nasceu o ‘Muro’ da Vergonha que já foi sobejamente falado ao longo dos últimos meses neste blog.

Mas, infelizmente, esta era a primeira de muitas vezes que ainda vamos ouvir falar destes senhores por estas bandas, e seguramente, não pelos melhores motivos.
Em Junho de 2006 era lançado um novo concurso público feito também ‘à medida’, para continuarem a murar este bairro, lembrando os tempos das conquistas em que se muravam as cidades para as melhor defenderem dos invasores. A situação inverteu-se, e os invasores agora são os moradores, que viviam pacatamente num local onde imperava o verde, soalheiro, com privacidade e uma linda vista sobre o Estuário do Sado e o mar.

Deste concurso público está a nascer a passos largos, um ‘Outro Muro’, onde a cegueira atacou logo no início...
As loiras tem fama de ser distraídas, mas aqui simularam uma ‘distracção’, e sabiam de antemão que tal iria passar na avaliação que o projecto teria por parte dos serviços camarários, que se não são cegos, são certamente muito distraídos.
Já não tinham visto, na altura que avaliaram o estaleiro de obra do ‘Muro’ da Vergonha que o mesmo tinha o parque do ferro, no que eram os acessos a uma garagem e que só a intervenção policial impediu que esses senhores deixassem a garagem só com acesso para bicicletas e pouco mais.

Não viram agora que o concurso público não incluía um pedaço de terreno privado, que foi engolido para poder aqui construir uma escadaria prevista no projecto, libertando espaço para construírem mais uns metros de betão, vindo mais tarde dizer que os moradores até lhes tem de ficar agradecidos por terem uma escadaria onde dantes tinham uma rampa.

Esquecem-se que essa rampa ainda pertence ao prédio contíguo à obra, não sendo portanto a Câmara Municipal de Setúbal a dispor do seu destino.
De nada valeram os contactos dos moradores com responsáveis da Câmara, que deixaram a Sociedade de Construções H.Hagen apropriar-se desta rampa, que quase de certeza estava incluída no desenho do estaleiro da obra, entregue juntamente com o projecto e que a Câmara Municipal de Setúbal achou por bem aprovar esse mesmo estaleiro de obra.
Agora, se os moradores deixarem cair algo das muitas janelas que ficam por cima desta rampa, ou se quiserem fazer manutenção a um aparelho de ar condicionado existente, tem de pedir POR FAVOR, autorização a estes senhores para os deixarem entrar no recinto da obra e, deixarem-nos assim, ter acesso ao que lhes pertence...


Faltará saber se o funcionário da obra está disponível, ou não está mal disposto e é malcriado mandando o morador para o car*** como infelizmente já aconteceu. Quanto às autoridades policiais, que julgamos não serem cegas nem distraídas, era bom que fizessem algumas visitas regulares a partir das 7 da manhã e poderão ver já a essa hora uma fila de camiões (o record está em 7!!!) à espera de entrar no recinto da obra, fazendo barulho em plena zona residencial, onde a maioria dos moradores ainda dormiria se os deixassem, e complicando a vida a quem pretende tirar o carro do estacionamento, para mais um dia de trabalho. No meu entender, os camionistas não podem fazer de um arruamento numa zona residencial, um parque de estacionamento, mas cabe às autoridades policiais a ultima palavra.
Se esta cegueira não for corrigida pelos meios próprios, lá chegará a hora de ajustar contas aquando das eleições autárquicas...

Um comentário:

Anônimo disse...

Realmente a policia devia estar atenta... carros na rua?? não se compreende