domingo, 13 de julho de 2008

Alerta: roubaram as quintas-feiras!

Até à pouco mais de uma década era um grande devorador de obras literárias. Chegava a ler um livro com uma quantidade substancial de páginas numa só noite. De todos os que li (e foram algumas centenas) ficou-me na memória o livro "As Três Sereias" de Irving Wallace, que romanceia uma civilização algures no Pacifico num grupo de ilhas conhecidas pelo nome do livro. Não há por lá personagens do tipo "O Engenheiro" (salvo seja), o Manuel "Alcatrão", o "Cherne", o "Pargo Mulato" e tantas outras que por aí circulam.
Na banda desenhada que li (aí foram vários milhares), sempre me ficou na memória uma história da Disney, em que um mestre do crime (o Mancha Negra, o tal que assinava sempre o seu “trabalho” deixando um papel com uma mancha de tinta negra) simplesmente roubou todas as quintas-feiras. Valeu a perspicácia do grande detective Mickey para recuperar as mesmas e assim os calendários ficarem novamente completos.
Esta história leva-nos para um mundo imaginário, onde se pode roubar uma coisa que é considerada universal: um dia da semana, ou seja, o Tempo.
O Sol (que nos aquece com os seus raios) não é suposto ter dono e portanto a máxima "O Sol quando nasce é para todos" faz sentido.
Durante as minhas pesquisas de Outono, houve uma frase me sobressaiu, não pelo seu conteúdo mas sim por alguém a ter escrito num documento oficial, onde caracterizavam esta zona como de (...) franca exposição solar a Sul, bem como a relação visual e emocional do sítio com o rio (..).
O "Muro" da Vergonha não nos vai roubar o Sol. Vai simplesmente escondê-lo.

Esta imagem foi tirada a partir de um dos quartos do edifício contiguo e na direcção SW (poente), onde se pode atestar a proximidade do Bloco 2 (contra o qual, foi no essencial a nossa 'luta') e que irá ter no final 7 pisos! Na imagem são visíveis os pisos 3 e 4.
Também na imagem, a nossa estação de rádio local - a grua - que não deixa ninguém dormir nestes quartos ao longo dos nossos 4 pisos.

Nunca me preocupei muito a verificar se esta "habilidade" também é utilizada em outras autarquias, mas segundo entendidos no assunto é uma invenção do Município de Setúbal, tendo o seu expoente máximo no Bairro Monte Belo, onde as imagens do urbanismo aí praticado servem seguramente para ilustrar o best seller "Urbanismo para Totós": dois edifícios podem coexistir desde que respeitem a distância mínima exigida por lei mas somente contada a partir das suas fachadas. Podem ter até esquinas comuns que tal é considerado mais do que legal!!!
Uma coisa é certa: favorece a conversa entre vizinhos de prédios diferentes que até podem partilhar a mesma corda da roupa...

A ultima 'bronca' de que tenho conhecimento neste município e que valeu a interrupção da construção durante anos, foi a de uma nova construção 'licenciada' entre a Escola Secundária do Bocage e a Variante da Varzea. Na imagem do Google ainda se pode ver a grua do 'infractor' ...

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